Ricardo Teixeira dispara metralhadora e ameaça concorrentes da Rede Globo
Presidente da CBF ameaça fazer maldades com inimigos durante a Copa de 2014
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, apelou
e mostrou um pouco de seu caráter e seu espírito autoritário em entrevista polêmica
à Revista Piauí. Usando expressões de baixo calão, Teixeira bradou contra jornais,
emissoras e sites concorrentes da Rede Globo. Quando perguntado sobre Anthony Garotinho,
Deputado Federal pelo PR-RJ, que vem criticando o presidente periodicamente no
congresso, Teixeira acusou o deputado de estar trabalhando para a Record.
É o sujo falando do mal lavado. O presidente acrescentou também que:
"Quanto mais tomo pau da Record, fico com mais crédito na Globo".
Além da Record, o site UOL, o jornal LANCE! e a emissora ESPN foram alvos
de críticas do eterno presidente da CBF. "Esse UOL só dá traço. Quem lê o LANCE!?
80 mil pessoas? Traço. Quem vê essa ESPN? Traço... só vou ficar preocupado
(com as denúncias de corrupção envolvendo seu nome) quando sair no Jornal Nacional".
O que Teixeira sabe é que dificilmente qualquer coisa contra sua pessoa sairá no
Jornal Nacional. Os laços entre Globo e CBF são conhecidos há muito tempo.
A Globo, por seu tamanho e por ser uma emissora de concessão pública, não
pode fazer lobby para ninguém, seja empresa, ou pessoa. Mas não é o que acontece.
Até o momento da publicação da matéria, os portais de imprensa da Globo
na internet eram os únicos que não continham nenhuma informação sobre
as declarações polêmicas de Ricardo Teixeira. O que se deve investigar é por
que a Globo é tão beneficiada e privilegiada pela CBF e se isso é consequência
dos "agrados" que a emissora dá à confederação ao deixar abordar as denúncias
de corrupção, desmandos e provas de autoritarismo do presidente, que quer ser
dono, da CBF. Ricardo Teixeira foi mais longe. Além de desmerecer, ironizar
e debochar dos veículos citados como opositores, o presidente, em um tom ameaçador,
bradou: "Em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica,
mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar
horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Por que eu saio
em 2015. E aí, acabou". Ricardo Teixeira é presidente da CBF há 22 anos e, nessa
declaração, insinua que em 2015 voará mais alto: será presidente da Fifa, antigo
sonho de Teixeira. Fato é que Ricardo Teixeira não poderia "fazer a maldade que for".
Declarações como essa só comprovam que o presidente parece estar acuado com uma
pressão cada vez maior de jornalistas, e torcedores em geral, que não aceitam mais
seus desmandos no comando da confederação do esporte mais popular do país.
A reportagem da Revista Piauí aborda também os laços estreitos entre o presidente
e Aécio Neves, senador do PSDB-MG. João Havelange, ex-presidente da Fifa e
ex-sogro do presidente, deu uma demonstração de como Ricardo Teixeira resolve
seus problemas, como a abertura da Copa do Mundo de 2014. "O Ricardo é o quê?
Mineiro, não é? O Aécio é amigo dele, não é? Onde você acha que vai ser a abertura da Copa?
Em BH", cravou João Havelange. Além de dizer que "caga de montão" para as recentes
denúncias de corrupção que envolvem seu nome, o "dono" da CBF fez uma infeliz
comparação quando quis debochar do povo brasileiro - ou, mais especificamente,
dos jornalistas que o denunciam -, dizendo que "O neguinho do Harlem
(bairro com muitos moradores negros em Nova York) olha para o carrão do branco e fala:
quero um igual. O negro não quer que o branco se foda e perca o cargo.
Mas no Brasil não é assim. É essa coisa de quinta categoria", disse o presidente.
Obviamente, Ricardo Teixeira, nesta comparação, é o branco que tem um carrão,
enquanto o povo brasileiro que não compactua com a corrupção e autoritarismo na
gestão da CBF é o negro invejoso, que quer que o branco "se foda". Para Teixeira,
o povo brasileiro, os jornalistas e demais pessoas que não concordam com suas atitudes,
deveriam olhá-lo como alguém para se espelhar. Na verdade, os jornalistas, torcedores
e amantes de futebol não devem se espelhar em Ricardo Teixeira. Um espelho melhor
seria a população do Egito e da Tunísia, que, em 2011, se revoltaram e derrubaram as
ditaduras de Mubarak, 30 anos no poder, e Ben Ali, 23 anos no poder. Por declarações
como essas, podemos deduzir que os ditadores do Brasil não estão mais diretamente
na vida política. Eles se disfarçam de outras coisas, como Presidentes de Confederações
Brasileiras de Futebol.
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