Aposentadoria na Alesc

“Passaram perguntando quem queria se aposentar", diz aposentada por invalidez da Assembleia.

Joyce Giotti/ND
Família de Lúcia Regina afirma ter histórico de problemas mentais

Aos 53 anos e aposentada há 30, Lúcia Regina Blumentritt afirma ter sido pega de surpresa ao ver o nome na lista dos aposentados que devem voltar ao trabalho, divulgada pela Assembleia Legislativa. Dos 16 da lista, três não fizeram as perícias. Todos foram chamados para voltar ao trabalho. Lúcia entrou no Legislativo catarinense em 1976, aos 18 anos, e se aposentou seis anos mais tarde, com 24. Durante o período em que trabalhou na Assembleia exercendo funções administrativas, como datilografia e protocolo, Lúcia afirma ter sofrido duas crises, que, mais tarde, foram diagnosticadas como depressão.

Mas a saúde mental debilitada não foi o motivo para a aposentadoria, segundo Lúcia. “Passaram de sala em sala perguntando quem queria se aposentar”, conta. Em 1982, ano em que se aposentou e houve um “surto” de casos de inválidos na Assembleia, Lúcia não fazia nenhum tipo de tratamento para combater a depressão, mesmo assim aceitou o “convite” para parar de trabalhar definitivamente. Desde então, não exerce atividade profissional.

Acompanhada da irmã Cristiane, Lúcia responde às perguntas com certa timidez e, por vezes, as falas são desencontradas. Conforme Cristiane, a irmã passou dois meses internada no Instituto São José de Psiquiatria no fim da década de 80, após ter se aposentado. Desde então, vem fazendo tratamentos contra a depressão. É solteira e mora com a mãe, irmãos e uma tia. O valor da aposentadoria não foi revelado, mas é menor que R$ 5 mil por mês.

Cristiane conta que os casos de doença mentais são comuns na família. “Meu pai era bipolar, o meu irmão tem esquizofrenia, minha mãe tem depressão e a minha outra irmã também já foi internada”, afirma. Lúcia garante que se tiver se voltar ao trabalho não conseguirá se adaptar. “Não sei mexer em computador. Estou muito desatualizada”, diz, com dificuldade para encontrar as palavras. “Desde que meu nome apareceu na televisão, ando muito nervosa. Não consigo dormir”.

A família de Lúcia procurou o advogado Pedro Queiroz para defendê-la. Além de Lúcia, Queiroz já foi acionado por outros cinco dos aposentados listados pela Assembleia e acredita que será procurado por todos os 13. “Essa é a operação bode expiatório da Assembleia. Os 16 listados são os mais doentes e os que recebem os menores salários. Quem recebe R$ 15, R$ 20, R$ 25 mil não entrou nessa lista”, critica o advogado. Segundo ele, a Assembleia não pode simplesmente cortar o benefício dos aposentados sem um processo administrativo concluído, o que ainda não foi feito.

Maiara Gonçalves
@Maiara_ND
FLORIANÓPOLIS

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