Jovens optam em votar na capital


Vitor Mateus Rigotti, 16, mora no Centro de Florianó­polis. Ewanderson Costa, de 17 anos, vive no morro do Mocotó. Ohanna Vieira, 17, vive em Jure­rê. Além de serem estudantes e terem nascido na mesma época, esses três adolescentes têm em comum o fato de, pela primei­ra vez, irem às urnas no próxi­mo dia 7 de outubro. Em Santa Catarina 101.510 adolescentes estão na mesma condição de Vi­tor, Ewanderson e Ohanna, tem entre 16 e 17 anos e vão estrear nas urnas. Os dados são do TRE (Tribunal Regional Eleitoral).
Todos os brasileiros são obrigados a votar a partir dos 18 anos, enquanto para aqueles que tem 16 ou 17 anos o voto é opcional. Essa foi a de­cisão dos dois garotos e de Ohanna.
Eles fizeram questão de ter o título em mãos e, mais do que isso, es­tão se preparando para ajudar a formar o futuro da cidade. “Decidi vo­tar porque é um direito meu. Os jovens recla­mam tanto que não tem oportu­nidades, mas também esquecem que precisam fazer parte dessa escolha”, defendeu Ohanna, que encheu a mãe de orgulho ao op­tar por votar pela primeira vez antes dos 18.
A garota, que mora com a mãe em Jurerê, conversa com a família sobre o voto. “Estou aproveitando que muitos can­didatos usam a Internet para conhecer mais sobre o que eles pretendem fazer”, comentou a estudante.
Mesmo caso de Ewander­son, que aproveita o tempo do curso de informática que ele faz no Centro Cultural Escrava Anastácia, no Mont Serrat, para observar as propostas dos can­didatos pela web.
Na casa de Vitor, só ele irá votar esse ano. Isso porque ele e os pais mudaram-se de Porto Alegre para Florianó­polis há um ano, e ele foi o único a fazer o título na capital catari­nense. “Fiz questão de fazer meu título por­que acho que também devo ser responsável por opinar sobre o que deve acontecer na cida­de”, pontuou.
Pedidos
Todos os dias Vitor vai a pé de casa até o Educandário Imaculada Conceição, no Centro de Florianópolis. Ele não depende de ônibus, como é o caso de Ohanna, que para ir e voltar de Jurerê até o IEE (Instituto Estadual de Educação), gasta ao menos duas horas por dia. “Além de ter poucos horários, os ônibus estão sempre cheios. É desconfortável”, reclamou Ohanna, garantindo observar candidatos que tenham propostas concretas para o transporte coletivo. “Não precisa ter passagem de graça. Não me importo em pagar um preço justo se o serviço for bom”, pediu a adolescente.
De carro, ou quando pega ônibus para encontrar os amigos na praia, Vitor também sente dificuldade com o trânsito de Florianópolis. “O futuro prefeito e os vereadores precisam pensar mais na mobilidade da cidade”, comentou o estudante, que apesar de frequentar as aulas em uma escola particular, também pensa na educação dos amigos que estudam em escola pública. “Acho que todos deveriam ter o mesmo nível de aprendizado independente da escola onde estudam, mas infelizmente não é assim”, ponderou.
Segurança
Para o estudante Ewanderson Costa, 17, o candidato vencedor nas urnas deveria preocupar-se com a segurança. Ele, que estuda à noite no EJA (Escola para Jovens e Adultos) diz que fica com receio de sair da aula. “Já vi algumas meninas sendo assaltadas bem na frente do colégio”, comentou o adolescente, que também não sente segurança dentro do ônibus. “Acho que poderia ter câmeras em todas as linhas”, disse. Morador do Mocotó, o garoto também teme o tráfico e a violência gerada por essa situação. Esperançoso, ele pede que os próximos governantes pensem em mais opções para os jovens. “O pessoal da minha idade não tem o que fazer, por isso muita gente vai pelo caminho errado”, pontuou, pedindo mais áreas de lazer. “Um campinho de futebol por morro já deixaria tudo melhor”.
Adolescentes deveriam participar mais
Na sala de aula onde Vitor estuda, no 3º ano do ensino médio, apenas ele e outros seis estudantes fizeram o título de eleitor. Situação bem parecida com a turma de Ohanna, que tem poucas colegas que vão votar. “Acho que falta um pouco de interesse em pensar sobre a política”, comentou Vitor.
É o caso das amigas Scarlett O´Hara Lopes, 15, e Gabriela Lourenço, 17. Elas preferiram não fazer o título e vão ficar de fora das eleições deste ano. “Acho que não me sinto responsável o suficiente para uma decisão tão importante”, avaliou Gabriela, que apesar disso, também espera por melhorias para a cidade.
“Acredito que o nosso transporte seja o principal problema, principalmente para quem estuda”, reclamou a estudante do IEE(Instituto Estadual de Educação), que todos os dias precisa vir dos Ingleses até o centro de ônibus. “Os professores também precisam ser mais valorizados. Sofremos demais com as greves”, completou Scarlett.
TRE incentiva o voto da garotada
Como tentativa de atrair os adolescentes e incentivá-los a fazer o título, o TREde Santa Catarina criou este ano um concurso cultural divulgado nas escolas estaduais e particulares do Estado. Para os estudantes entre 12 a 14 anos foi sugerida a elaboração de um texto sobre “O que é democracia”, enquanto para os adolescentes entre 15 até 17 anos o tema proposto para a redação foi “Qual a importância da política”. Cada categoria escolherá um vencedor, que será premiado no dia em que os prefeitos e vereadores eleitos serão titulados.

“Fizemos esse concurso para incentivar que os jovens pensassem a política de uma forma diferente e, além disso, começassem a se interessar pelo assunto”, destacou o juiz eleitoral, Nelson Maia Peixoto. Para ele, além da importância do incentivo que vem de dentro das escolas, os pais e familiares também são fundamentais nesse processo de inserção na política. “Se o pai ou a mãe fala o tempo todo que os políticos não prestam e que todos são corruptos, isso acaba criando uma rejeição do adolescente, que vai relutar ao máximo o seu ingresso na eleição”, ponderou.
fonte: ND on line

0 comentários:

Postar um comentário

 
Bem Vindo ao meu Blog © 2012 | Designed by LogosDatabase.com, in collaboration with Credit Card Machines, Corporate Headquarters and Motivational Quotes