Educação em SC: A Greve continua

Com a greve do magistério em SC, fica a dúvida sobre a recuperação dos conteúdos

Paralisação dos professores chega a quase um mês e ainda não se sabe como será a recuperação das disciplinas


Emanuelle Gomes
@Emanuelle_ND
FLORIANÓPOLIS

Fernando Mendes
Além da greve, a comunidade do colégio Aderbal Ramos da Silva enfrenta outros problemas

Com quase um mês de greve na rede pública estadual de ensino, alunos e professores ainda não sabem como acontecerá a reposição das aulas perdidas no período em que os docentes lutam pela implantação do piso salarial nacional em Santa Catarina. Depois do fim da greve é que o Sinte-SC (Sindicato dos Trabalhadores em Educação) deve discutir a questão com o governo do Estado e repassar as instruções às instituições de ensino.

Até lá, as dúvidas são inúmeras, principalmente para estudantes do ensino médio, que vão fazer a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e prestar vestibular. Pra a professora de inglês, Elisa Beatriz Macarini, esses alunos não têm o hábito de estudar fora da escola e acabam sendo prejudicados. “A perda de conteúdo é irreparável, já que não é possível recuperar 100% do tempo perdido. Mesmo com a boa vontade do professor, é uma carga muito grande de assuntos para pouco tempo e o aluno não dá conta de absorver tudo”, comenta ela.

Além disso, Elisa garante que o ritmo de estudo é mais lento depois da paralisação. “No processo regular, o aluno aprende gradativamente. Esse era o momento em que eles estavam prontos para aprender, saíram do clima de férias. Agora que pararam novamente vai levar um tempo para o cérebro sair desse estado de repouso. Eles vão ter que começar do zero”, explica. Como ensina língua inglesa, a professora já sabe o que pode acabar ficando de fora dos conteúdos estudados neste ano. “Vai ser possível dar conta de ensinar gramática, mas não vai ter tempo para abordar em sala de aula vocabulário e interpretação. É um prejuízo muito grande pra quem faz o vestibular”, relata Elisa.

Alunos não vão à escola

Apesar da adesão da greve não ser total em algumas escolas da Capital, colégios têm dificuldades para reunir os alunos. Na Escola de Educação Básica Aderbal Ramos da Silva, por exemplo, dos 30 professores seis apenas não entraram no movimento pelo piso nacional. Porém, a diretora Suely Souza de Brum conta que a maioria dos mais estudantes, todos do primeiro ao terceiro ano do ensino médio, não estão dispostos a ir até o colégio para frequentar duas ou três aulas.

“Tentamos manter as matérias unidas, mas os próprios pais optaram por não mandar os filhos para a escola. Como não temos alunos, já que é necessário ter 50% mais um para a aula poder ser ministrada, os professores que não aderiram vêm para o colégio e ficam sem trabalhar”, explica. Segundo Suely, muitos estudantes apóiam a greve e passaram a frequentar as manifestações neste período de recesso.

Com mais de 1.200 alunos, a Aderbal Ramos da Silva deve ter seu calendário alterado depois do fim da greve para reposição das aulas, havendo a possibilidade de perda de feriados e das férias de julho, além de acréscimo na carga horária. Porém, para a professora Elisa Beatriz Macarini que leciona na escola, caso o piso seja implantado valerá a pena as consequencias da greve. “Nossa escola tem problemas estruturais enormes e com valorização profissional poderemos pelo menos recuperar a vontade de estar dentro de sala de aula”, diz.

Há 49 anos, a estrutura do colégio permanece a mesma. Rachaduras, rebaixamento de piso, cupim nos quadros de giz, portas sem fechaduras, queda de reboco, entre outros, são dificuldades enfrentadas diariamente por funcionários e estudantes. “Já caiu pedaço do teto em aluno. Temos um projeto feito desde 2003 para reforma, só falta a licitação”, comenta Suely.



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