O imperio de Ricardo Teixeira

O que a Globo não mostra

OLIVEIRA JÚNIOR

O império de Ricardo Teixeira e a cartolagem brasileira têm sido bombardeados por uma série de reportagens especiais produzidas corajosamente pela Rede Record.


A cada edição do Jornal da Record, uma nova revelação bombástica, que, para muitos de nós jornalistas esportivos, não são nenhuma novidade, mas que no entanto finalmente ganharam corpo com documentos e testemunhos que comprovam a existência de uma máfia, também no futebol brasileiro, uma rede que sai da luxuosa sede da CBF na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e se estende pelas federações estaduais que reelegem Ricardo Teixeira a cada pleito, sem discussão.

Mas, por que a Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão dos jogos da Seleção Brasileira, da Copa América, do Campeonato Brasileiro, do Mato-grossense e da Copa do Mundo de 2014 não escancarou essa vergonha antes? Não é preciso pensar muito para achar essa resposta.

As reportagens da Record revelaram o enriquecimento suspeito do presidente corintiano Andrés Sanchez - que de feirante virou magnata -, a fortuna de Teixeira, guindado ao posto de presidente da CBF pelo ex-sogro João Havelange, e como um império se constituiu, e mais, por que o Morumbi - cuja reforma custaria R$ 260 milhões - foi excluído da Copa de 14 e o novo estádio do Corinthians será o escolhido ao custo de um bilhão, com dinheiro público.

Teixeira tem um aliado de peso em São Paulo: Andrés Sanchez. Num clube cheio de craques, com a segunda maior torcida do Brasil, e uma das mais apaixonadas do mundo, ele conseguiu ficar em evidência sem nunca calçar uma chuteira - longe do gramado, na tribuna de honra. O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, não esconde o que deseja e, sobretudo, o que faz no futebol.

Em 2007, o Corinthians passou pelo vexame de ver a sua sede invadida pela polícia. Com autorização da Justiça, agentes recolheram documentos e computadores. O alvo era o então presidente Alberto Dualib. Andrés Sanchez tinha sido vice-presidente de futebol de Dualib pouco antes: eram os tempos de Carlitos Tevez dentro de campo.

Fora de campo, quem comandava era Kia Joorabchian (representante da então parceira MSI). O iraniano era acusado de usar o clube para lavar o dinheiro roubado pela máfia russa. Kia e Andrés viraram íntimos. Saíam sempre juntos para aproveitar a noite paulistana. Dualib acabou condenado a três anos e quatro meses de prisão em regime aberto. Andrés escapou, não se sabe como.

Acuado pela polícia, Andrés pulou rápido para o barco da oposição. E acabou eleito presidente do Corinthians em 2007. Corintiano da velha guarda, Cyborg coleciona denúncias contra Andrés Sanchez. Ele já pediu ao Conselho Deliberativo do clube informações sobre transferências de jogadores, que considera suspeitas. Geraldo Alckmin, Gilberto Kassab, Orlando Silva, Andrés Sanchez, Lula.

Todos eles já falaram que o estádio do Corinthians não seria construído com dinheiro público. Estavam errados. Se for aprovado o plano que prevê R$ 420 milhões em incentivos fiscais para o Corinthians, o clube será beneficiado com verba da prefeitura.

Quando é que o Jornal Nacional vai mostrar alguma coisa?

OLIVEIRA JÚNIOR jornalista em Cuiabá e editor de Esportes do jornal A Gazeta.

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