Venda e paranoia do crack em Florianopolis

Disputa por venda e paranoia do crack são principais causas de homicídios em Florianópoli. Pesquisa mostra que violência ligada ao tráfico e consumo de drogas aumentou no último ano


Colombo de Souza
@colombo_nd
FLORIANÓPOLIS
Fernando Mendes/ND
Tráfico cria ciclo da morte em Florianópolis

O tráfico de drogas continua sendo o principal motivo de assassinatos na Capital. A constatação é do titular da Delegacia de Homicídios, Ênio de Oliveira Matos, acrescentando que das 59 ocorrências registradas até 13 de junho, 31 (53%) foram motivados por uma palavra: crack.

Ao comparar o crack com as demais drogas, Ênio até fez uma brincadeira. “A maconha deixa o indivíduo chapadão, ele nem tá aí para o mundo, só quer curtir. A cocaína, por ser cara, é consumida por uma casta nobre. Mas o crack, além de ser barato, instiga o viciado a fumar uma pedra atrás da outra, e, quando não quita a dívida, paga com a vida”, ilustra.

Outro viés do crack, segundo o delegado, são as disputas pelos pontos de tráfico. “Já interroguei testemunhas que afirmam fumar mais de 25 pedras por dia”, acrescenta. De acordo com o delegado, “a pedra custa R$ 5, e o consumo, infelizmente, banalizou a vida”.

Em relação ao mesmo período do ano passado, os crimes contra a vida em 2011 tiveram aumento considerável - foram 59 ocorrências, contra 51. A diferença, segundo o delegado, corresponde a um mês a mais - até o final de agosto do ano passado o número de assassinatos foi o mesmo registrado até 13 de julho deste ano.

Adolescentes aparecem nas duas pontas

Conforme a estatística divulgada ontem pela Delegacia de Homicídios, mais da metade dos autores de crimes são adolescentes, com idades entre 16 e 17 anos. “Um deles tinha apenas 15 anos”, comentou Ênio Matos. Na opinião do delegado, estão faltando políticas públicas para combater o problema na origem. “Falta ocupação, falta educação”, resumiu.

Os fins de semana (sexta-feira, sábado e domingo) são os períodos mais violentos na Capital, normalmente á noite e durante a madrugada. “Segunda e terça, aparecem como os dias mais calmos”, observou o delegado.

Dos 59 homicídios deste ano, Ênio Matos ressaltou que 48 estão resolvidos. “Isto não significa que todos os autores estão presos, mas identificados. O delegado disse ainda que a participação de testemunhas é fundamental no trabalho. “A maioria tem medo de colocar no papel o que viu ou o que sabe. As provas testemunhais precisam ser bem fundamentadas”, observa.

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