“Como educadora, agi certo em todos os momentos”, diz professora agredida em Florianópolis


Mãe de aluno partiu para vias de fato dentro da escola onde o filho estuda.


Fábio Bispo
@fabiobispo_nd
FLORIANÓPOLIS.
Marco Santiago/ND
Professora sofreu lesões no pé e perna esquerda ao ser derrubada na sala da coordenação

Do alto de seus 28 anos de magistério, mas apoiada sobre uma muleta, a professora Márcia Silva Machado, 52 anos, não poderá ministrar aulas até sexta-feira, isso se o médico não lhe indicar mais dias de repouso. Na manhã de segunda-feira (24), a professora foi agredida pela mãe de um de seus alunos do 4º ano, dentro da sala da coordenação da Escola de Educação Básica Rosa Torres de Miranda, onde trabalha há nove anos, no bairro Jardim Atlântico. Márcia sofreu lesões no pé e na perna.
Mesmo abalada, a professora diz estar superando a situação, e acredita que sua missão como educadora ainda está longe se dar por completa, mesmo faltando pouco menos de dois anos para ela se aposentar por tempo de serviço. “Nunca tive problemas como este, envolvendo pais. Assim que estiver recuperada voltarei para meus alunos”, contou. Márcia tem especialização em educação infantil, trabalhou 19 anos na Escola de Aplicação do Instituto Estadual de Educação e luta por um ensino público de qualidade. A professora diz acreditar no poder da educação. “Estudei para isso, dar aulas, e é isso que gosto de fazer. Claro que esses casos de agressões nos entristecem, porque além de passar conteúdo didático, também cuidamos das crianças nesse tempo que elas estão na sala de aula”.
Segundo a professora, o aluno de 10 anos, filho da mãe agressora, é uma criança querida por ela e pelos colegas, mas disse que a mãe dele é ausente nos estudos da criança. A mulher foi taxada de “desequilibrada”, por professores e funcionários da escola.
Há dois meses, Márcia recebeu comunicado de que seria homenageada pelos trabalhos prestados como professora a comunidade escolar no entorno da unidade onde leciona. A comenda Herbert de Souza será entregue pela Câmara de Vereadores de Florianópolis no próximo dia 12 de outubro.
Na manhã desta terça (25), as aulas no Rosa Torres foram suspensas, e os professores debateram o ocorrido. “Todos nós também nos sentimos agredidos quando aquela mãe entrou na escola e atacou nossa colega”, declarou uma das professoras da escola.

A confusão na sala da coordenação, que só terminou com a chegada da Polícia Militar, teve início na quinta-feira passada. Segundo o relato da mãe prestado na 3ª Delegacia de Polícia da Capital, dois garotos, também do 4º ano, agrediram seu filho e ela obrigou um dos que batiam a pedir desculpas. Na segunda-feira cedo, a mãe foi até a escola cobrar uma atitude da professora. Enquanto conversavam os ânimos se exaltaram, e as duas mulheres entraram em briga corporal.
A diretora da escola, Maria Gorete de Lon Lima, disse que a mãe foi contra o que a escola prega. “A escola também modera conflitos, mas não prega a violência. Era uma situação de alunos que resolveríamos, mas ela partiu para a agressão física. Nos sentimos impotentes, pois isso pode prejudicar a criança, que não tem nada a ver”, explica.
Com a professora afastada, os alunos do 4º ano estão com as aulas suspensas, já que o Estado só fornece professor substituto nos casos de afastamento superior a 15 dias. Também está indefinida a situação do aluno. A avó dele esteve na escola e para que ele não estudasse mais com a professora Márcia, o que é impossível, pois ela leciona para as duas turmas do 4º ano da escola (manhã e tarde). Família e escola estudam a possibilidade de transferir a criança de instituição.
Fonte: ND SC

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